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Logística in-house: Aplicação se acentua

Apesar de, ou em função da crise econômica, a logística in-house vem ganhando força nos últimos tempos, nos mais diferentes tipos de empresas. É o que se pode notar pelo depoimento de um ­consultor e de várias empresas que oferecem este tipo de serviço.

Originalmente, a logística in-house (LIH) era exclusiva das atividades industriais do setor automobilístico e totalmente focada em movimentação e armazenagem de matérias-primas, material em processo (abastecimento das linhas de produção) e expedição. Para algumas indústrias, ainda eram envolvidos os projetos de layout. A introdução do Just-in-time e do Kanban na década de 80 aumentou a importância da LIH, iniciando o conceito logístico da M&A (fluidez contínua, baixo estoque, ressuprimento contínuo, etc.), atingindo a “maioridade” técnica e organizacional nos anos 90, em função do reflexo da alta competitividade de mercado, devido, principalmente, ao brutal aumento de produtos com redução de volume de produção por SKU. Nesse momento, a LIH saiu das fábricas e se alastrou para as atividades da distribuição física, com o crescimento dos atacadistas, distribuidores, varejos e Operadores Logísticos. Sua importância ficou consolidada e irreversível. Daí, é claro, que a crise econômica, como fator improvável, “bateu de frente” com a LIH em decorrência da repentina e drástica redução das vendas e, consequen­temente, da produção e distri­bui­ção. Porém, uma coisa é certa: LIH não é tudo para a cadeia produ­ti­va, mas sem ela nada anda.

A análise é de José Geraldo Vantine, diretor da Vantine Solutions . Segundo ele, a LIH – dada a sua importância em todo o processo de produção e distribuição física – tende (como em muitos casos já é) a ser uma atividade intrínseca dos projetos de fábricas e Centrais de Distribuição e literalmente integrada ao conceito de velocidade e produtividade.

“Está intimamente ligada às operações inbound e outbound, que exigem alta performance e eficácia devido às mudanças fundamentais da logística comercial e ao alto índice de Tecnologia da Informação na gestão de estoques e de suprimentos e alto nível de serviços aos clientes.”

Uma segunda tendência – ainda de acordo com o consultor – é o crescente volume de tecnologia embarcada nos equipamentos de movimentação, principalmente nas empilha­deiras e pontes rolantes, gerando produtos mais sofisticados e eficientes. E a terceira tendência está na qualificação da mão de obra, em contínua exigência de treinamento.

Referindo-se aos benefícios da logística in-house, o pro­fissio­nal diz que, na verdade, não se trata de benefício, mas de utilidade e necessidade. “No entanto, se focarmos por segmento, podemos afirmar que os Operadores Logísticos são os maiores beneficiados, desde que a LIH seja tratada sob o conceito de engenharia de métodos e processos – que não é o que temos observado –, integrando todo o fluxo interno de atividades. Em recente projeto de LIH que a Vantine realizou para uma multinacional, o fluxograma apresentou perto de uma centena de atividades”, completa.

O segmento na crise

Agora que já foi mostrada a visão de um contratante dos serviços de logística in-house, vamos apresentar as empresas que estão do outro lado, ofere­cendo sua especialidade. Como está o mercado, principalmente diante da crise econômica mundial?

André A. de Almeida Prado, diretor da Divisão Logística da Atlas Transportes & Logística (Fone: 11 2795.3100), acredita que as empresas passaram a firmar contratos de longo prazo com empresas especializadas em logística a fim de aprimorar a gestão da cadeia de suprimentos e, consequentemente, obter melhores resultados e eficiência operacional, o que reduz custos e aumenta sua competitividade. “Esses aspectos intensificaram ainda mais o ritmo de terceiri­za­ção durante a crise econômica”, avalia.

Pelo seu lado, Cláudio Cortez, gerente comercial e de marketing do Grupo Cargo no Brasil – CSI Cargo (fone: 41 3381.2314), analisa que a crise econômica global não afetou seriamente o país – “o exemplo mais significativo da robustez de nosso mercado pode ser encontrado, talvez, no setor automotivo. Em 2007, com a crise já se instalando no Primeiro Mundo, nossa indústria automotiva bateu recordes de produção e vendas. No ano passado, se desconsiderarmos o último trimestre, o setor alcançava índices jamais vistos”.

Ainda segundo ele, a crise serviu – se olharmos por uma ótica otimista – para que se instalasse a oportunidade de se “arrumar a casa” em 2009, preparando-se a partir do ano que vem para uma atuação em um mercado considerado um dos maiores e mais promissores do mundo, maduro, consistente, cada vez mais complexo e de forte competição.

O gerente da CSI Cargo lembra que, neste cenário, então, a preocupação com a logística torna-se fundamental para qualquer empresa que queira buscar diferenciação e estabelecer vantagens competitivas em relação aos seus concorrentes, que estão inseridos não apenas em empresas isoladas, mas também em toda a cadeia produtiva – e de valor, junto aos seus clientes. “Assim, um Operador Logístico com know-how em atividades de Intralogística apresenta-se como importante e significativo aliado na conquista de diferenciais competitivos, como rapidez, flexibilidade e produtividade, elevadas a níveis de excelência, que passam a ser respostas obrigatórias às exigências do mercado”, conclui Cortez.

Outra análise do setor é feita por Nicolas Derouin, diretor geral da ID Logistics Brasil (Fone: 11 3809.3400). Ele consi­dera que a logística in-house é um modelo de negócios e de terceirização em expansão num momento em os industriais/varejistas buscam oportunidades de otimização das suas organizações internas, bem como maior flexibilidade de recursos. Por exemplo: otimiza­ção das superfícies e infraestru­turas próprias, flexibilização da mão de obra e redução de quadro direto. O profissional cita também o risco de internalização de operações in-house pelo cliente como solução paliativa a uma redução de quadro necessária devido à baixa de atividade, porém não realizável por problemas sindicais.

Para Felippi Perez, diretor de novos negócios da Keepers Logística (Fone: 11 4151.9030), os setores de logística e de transportes são um dos últimos afetados pela crise econômica, pois primeiramente ocorre a redução do consumo, depois o real aumento do desemprego e, consequentemente, mais redução de consumo. As indústrias deixam de produzir, o que reduz drasti­ca­mente o volume de produtos para armazenagem ou giro, culmi­nando por afetar a logística e os transportes.

“No entanto, existe diferença temporal para a logística in-house, que sentiu os efeitos da crise antecipadamente porque está diretamente interligada à escala dos afetados e na mesma fase temporal do processo de produção ou manuseio dos produtos internamente, em fábricas ou distribuidores, áreas em que o fluxo de atividades e a expansão desta prática foram reduzidos. Porém, mesmo na crise, este segmento apresentou crescimento, lógico que em menor escala, pois a terceiriza­ção logística em algumas atividades gera diversos benefícios.

Perez espera que com a esta­bilização do mercado, devido à melhora na crise econômica mundial, os índices de crescimento deste setor voltem a se esta­bilizar. “As expectativas para 2010 e os próximos anos são de grandes avanços em escala e em crescimento de parcerias com esta finalidade”, complementa.

Já Marcos Henrique de Sousa Mesquita, diretor da K-Way Brasil (Fone: 21 3325.6125), destaca que, por ser uma presta­ção de serviços que influencia diretamen­te no custo final, os clientes (comércio/indústria) têm aumentado sua atenção e grau de importância para a segurança, qualidade, gestão e produtividade da logística in-house. “Sendo assim, temos notado um aumento significativo da procura dos serviços dessa natureza. Assim, concluímos que o segmento cresce na razão inversa da crise econômica.”

Carla Jorge Butori, gerente de marketing da Santa Rita Logistic (Fone: 11 4141.7000), também aponta crescimento da logística in-house, porém de forma um pouco lenta. “Podemos afirmar, segundo pesquisas, que ainda falta aceitação para este serviço. Com a crise, as empresas precisam se focar no seu core business e terceirizar a logística para um operador capacitado com credibilidade no mercado. A terceirização gera redução de custos e faz com que o fluxo da sua mercadoria seja feito da maneira correta, o que é um ponto positivo devido à concorrência acirrada dos dias de hoje”, avalia Carla.

Por sua vez, a Tito Global Trade Services (Fone: 11 2102.9300), como uma empresa de logística internacional, con­fir­ma que o comércio mundial teve seus volumes reduzidos em função da crise financeira. “Tal circunstância obviamente impactou o segmento de serviços da área. As saídas do setor devem prioritariamente incluir soluções de custos aos processos de comércio interna­cional”, completa Hermeto Bermúdez, CEO da empresa.

Tendências

E as tendências no setor, como estão?

Segundo Perez, da Keepers Logística, as tendências podem ser divididas em duas principais vertentes: econômica e de expan­são. “Na vertente econômica, espera-se um crescimento no fluxo de operações já existentes, aumentando, assim, os ganhos em escala. Já para a expansão, espera-se a realização de novas parcerias com empresas que estão aptas e motivadas a melhorar”, explica.

Cortez, da CSI Cargo, faz sua análise sempre com base no setor automotivo. Segundo ele, este segmento, sob a ótica dos Operadores Logísticos especia­lizados nas atividades internas de suporte à produção, ainda tem um enorme potencial para ser explorado. “Uma grande parcela das montadoras instala­das no país já faz uso desta parceria e dela extraem os mais modernos conceitos logís­ti­cos, resultando em plantas mais compactas, com alta eficiência operacional, permitindo níveis de serviço que as credenciam à produção de modelos de classe mundial, ou seja, produtos com reconhecida qualidade, tanto pelo mercado interno quanto pelo externo. Já entre as indústrias de autopeças, o índice de penetração – em função do grande número de players – é bem inferior. Portanto, reitera-se aqui que há um ‘oceano de opor­tunidades’ para os Operadores Logísticos que detêm know-how em Intralogística.”

Para Mesquita, da K-Way Brasil, os clientes vêm procurando uma melhor qualidade do serviço, da gestão e dos resultados. “Acreditamos que o segmento de logística in-house sofrerá uma forte tendência à profissionalização e cobrança de níveis de produtividade altos. Assim, apostamos numa logística focada na segurança, transparência, na gestão e na produtividade, sempre com muita tecnologia”, atesta.

Carla, da Santa Rita Logistic, também acredita que as tendências são de as empresas cada vez mais aderirem ao processo, pois com a forte concorrência, elas são obrigadas a se focarem mais em seu core business e estratégias de vendas para conseguirem se manter no mercado. E a logística, sendo a área fundamental de uma empresa, por fazer o fluxo da sua mercadoria desde a matéria-prima até o seu ponto final, toma um papel muito importante no processo. “Pois se esse caminho não estiver correto, você pode perder pontos consideráveis do seu negócio e, por isso, o melhor a ser feito é deixar a sua logística com quem realmente entende do assunto e tratar do seu produto da melhor maneira possível, com bons profissionais e pontos estra­tégicos para sua arma­zenagem. Assim, obtendo um feedback de agilidade”, diz ela.

Derouin, da ID Logistics Brasil, aponta como tendências na área de logística in-house a exigência de mais expertise, aporte tecnológico e valor agregado ao operador; e o aumento e a verticalização dos serviços terceirizados.

Parceria vantajosa

Pelo que se falou até o momento, quais seriam, então, os benefícios da logística in-house? Um deles, de acordo com Prado, da Atlas, é o aprimoramento da gestão da cadeia de suprimentos, o que se reflete na obtenção de melhores resultados e eficiência operacional, reduzindo custos e aumentando a competitividade. “A escolha da modalidade in-house é indicada para empresas que já possuem uma estrutura física adequada e necessitam de desenvolvimento tecnológico na sua operação ou que possuem processos internos integrados, cuja localização da operação logística influi direta­mente no nível dos serviços prestados”, avalia.

O gerente comercial e de marketing da CSI Cargo diz que a adoção de um parceiro logístico nas atividades internas tem muito a contribuir, desde que não se confunda este processo de terceirização apenas como uma “transição do empregador de mão de obra”, ou seja, ter apenas “colaboradores externos trabalhando internamente”, relegando ao Operador Logístico apenas a execução de atividades que, como premissa básica, deveriam sofrer completas reformulações. “É como se, insatisfeitos com um carro, o trocássemos por um mesmo modelo, alterando apenas sua cor”, completa Cortez.

Já de acordo com Perez, da Keepers Logística, algum dos principais benefícios desta atividade vem diretamente ao encontro das principais necessidades dos consumidores deste tipo de serviços. Aumento de capacidade operacional e instalada, ganhos em agilidade, velocidade, qualidade e, ainda, redução de custos operacionais. “O importante é deixar eviden­cia­do que a logística, seja in ou out-house, propicia vantagem competitiva sustentável e funda­mental ao parceiro, o que é um fator determinante no amplo e complexo mercado competitivo que os mais diversos setores mercadológicos atuam hoje.”

Por seu lado, Mesquita, da K-Way Brasil, destaca que o principal benefício é liberar o cliente para focar seus recursos e esforços no seu negócio objetivo, podendo cobrar do prestador de serviço de logística in-house índices de segurança e produtividade bem acima dos alcançados, na média de mercado, por aqueles que operam sua própria logística.

“Dentre as várias vantagens, destaco a proximidade com o prestador e seus serviços e a possibilidade de otimização dos processos e integrações de sistemas”, completa Bermúdez, da Tito.

Para dar tudo certo

Mas, como em todas as atividades, sempre se deve tomar cuidados especiais e enfrentar possíveis problemas. Isto também ocorre com a logística terceirizada. “O maior risco em um processo de outsourcing está no desenvolvimento de um projeto que não atenda às especificações técnicas, normas e procedimentos exigidos ou contratar uma empresa que não possua alinhamento técnico, operacional, de gestão ou de relacionamento com a contratante”, diz Prado, da Atlas. Para minimizar esse risco, o profissional aconselha a contratante a munir o OL com todas as informações necessárias para o desenvolvimento do respectivo projeto e analisar profundamente o perfil, histórico e nível de comprometimento do seu futuro parceiro.

Mais ou menos por este caminho vão as considerações de Derouin, da ID Logistics Brasil. É importante definir claramente o papel e as responsabilidades de ambas as partes (cliente/operador): riscos de ingerência na operação por parte do cliente; verificar aderência de cultura de empresas e alinhar políticas de gestão de pessoas, devido à proximidade entre colaboradores do cliente e do operador. Ele chama a atenção para o risco de não se aproveitar totalmente o diferencial e o aporte do operador em caso de restrições fortes colocadas pelo cliente e o baixo grau de autonomia do operador para otimizar (layout, fluxos, processos, sistemas etc.).

Para Perez, da Keepers Logística, é importante deixar claro que a má escolha do operador logístico pode causar danos complexos, mas que podem acontecer nos mais variados segmentos de terceirização. Ele considera que, com a má gestão destes tipos de serviços, podem ocorrer problemas técnicos, como troca de produtos, envio a destinos trocados, quebras, perdas e embalagem inadequada, entre outros. Também são comuns os problemas estratégicos, causados por divergências culturais, econômicas ou de ordem de importância, que geram discussões e redução dos níveis de serviço, tanto no operador terceiro quanto na empresa contratante. “Infelizmente são comuns os casos de empresas que procuram por serviços com custos reduzidos, esquecendo que, ao invés de gerar vantagem, esse tipo de parceria acaba por gerar desvantagem”, expõe.

O diretor de novos negócios diz que alguns cuidados são determinantes para estabelecer parcerias longas e, acima de tudo, profissionais e produtivas, gerando bons resultados para ambos os envolvidos. “Deve-se consultar de maneira efetiva se o operador em questão tem experiência no mercado e no serviço que está oferecendo, se possui boa imagem no mercado, se é uma empresa idônea e se possui certificações como ANVISA, Vigilância Sanitária, ISO ou certificações específicas de empresas de auditoria e consultorias”.

Mesquita, da K-Way, aponta primeiro os cuidados: pontuar os itens críticos, utilizar equipamentos de qualidade e capacitar mão de obra. Já os problemas, segundo ele, envolvem misturar vários serviços terceirizados que dependem uns dos outros e estão em conflito com a cultura do próprio cliente.

Para se obter uma logística in-house com excelência nas operações, de acordo com Carla, da Santa Rita Logistic, é necessário, antes de tudo, que o galpão esteja localizado em um ponto estratégico e ter uma estrutura que comporte todas as operações. Além disso, o cliente deve possuir uma excelente administração interna, pois estará trazendo uma outra empresa para o seu espaço, e esse período de transição pode gerar estranhamento organizacional.

Outro cuidado que deve ser tomado, na opinião da profissional, é com a junção de culturas e filosofias das empresas, caso não sejam as mesmas ou não dê um trabalho em conjunto, o que pode trazer sérios problemas para os negócios. “Em resumo: para se obter uma boa terceiri­zação é necessário muito estudo e pla­ne­ja­mento. Deve-se conhecer o mercado, verificar a credibili­da­de da empresa a ser contratada, se ela supre as suas necessidades e se enquadra-se com a filosofia da sua empresa para o sucesso das operações”, afirma.

Complementando, o CEO da Tito diz que é imprescindível que as atribuições estejam muito bem detalhadas e mutuamente acordadas. “Objetivos, metas e indicadores de desempenho deverão estar bem esclarecidos e periodicamente avaliados”, finaliza Bermúdez.

Fonte: http://logweb.com.br/index.php?urlop=noticia&nid=MjIxNDE

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Apesar de, ou em função da crise econômica, a logística in-house vem ganhando força nos últimos tempo, nos mais diferentes tipos de empresas. É o que se pode notar pelo depoimento de um consultor de várias empresas que oferecem esse tipo de serviço.

Vantine: a logística in-hous está intimamente ligada às operações inbound e outbound, que exigem alta performance e eficácia.

Revista LogWeb – Edição nº 92 / outubro/2009