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Uma empresa industrial que queira olhar de frente as exigências do mercado na década de 90 não deve ficar restrita à produção ou manufatura. Durante toda a década de 80 observou-se grande revolução nos métodos e técnicas produtivas, a partir de modelos implantados com histórico de sucesso no Japão. Just In Time, Kan Ban, TRC, TQC, CCQ, TPM, são hoje siglas incorporadas ao dicionário industrial brasileiro e representam a busca de produtividade e qualidade. É provável que essa fase fique registrada como uma nova revolução industrial, mas apesar da extrema importância, ela não é tudo.

Uma empresa é muito mais, em outras palavras, é a busca do lucro global e isso não se conseguirá nos anos 90 jogando-se apenas entre as quatro paredes da manufatura, ate porque a geração de um produto acabado consolida-se com a administração de recursos financeiros, materiais, humanos, físicos e tecnológicos.

Por outro lado, o produto final colocado à disposição do usuário, seja ele a indústria de transformação ou o consumidor final, exige complexa operação de inúmeras ações, cuja harmonia envolve o ciclo suprimento/produção e distribuição. Tal ciclo, na clássica concepção de administração industrial, compartimenta o fluxo físico de informações em áreas distintas: administração de materiais, administração da produção, administração de vendas (Suprimentos) e produção (marketing).

O problema é que esse modelo tornou-se incompatível com a revolução industrial japonesa dos anos 80, dai porque se observou, quase ao mesmo tempo, o surgimento do conceito de logística integrada, especialmente na Europa, inspirado no sistema de distribuição comercial dos EUA, que se desenvolveu rapidamente no pós-guerra.

A logística integrada, hoje presente na maioria das indústrias européias, define a administração integrada de todo o fluxo de informação e materiais, desde o ponto de origem da matéria primas e insumos ate o ponto de destino ou consumo, incluindo os materiais em processo.

Assim, suprimentos, programação e controle de produção e distribuição física reúnem-se num só compartimento, o que permite a fluidez de todo o sistema produtivo.

A década de 90 devera se caracterizar pelo grande desenvolvimento da logística industrial e comercial, pois seus custos giram entre 18 e 25% do custo total de um produto.

Portanto, é possível concluir: diante da exigência do mercado e da concorrência cada vez maior, a produtividade na década de 90 será preocupação de primeira grandeza – nos bastará produzir com qualidade e custo baixo. Vai ser necessário que o produto chegue ao usuário final com a qualidade que ele deseja e ao preço que ele pode pagar. E o caminho para isso é a logística integrada.

Escrito por José Geraldo Vantine, diretor geral da Vantine Consultoria, Empresa de Consultoria Logística e Supply Chain Management.

Matéria O ESTADO DE SÃO PAULO – 09/08/1990