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IV – DISTRIBUIÇÃO FÍSICA

 A distribuição física é o subsistema mais complexo da cadeia logística. Tanto, que durante muitos anos foi confundida com o próprio sistema. De um lado, tem que cobrir todas as etapas que ligam a produção ao consumidor final: estocagem, armazenagem, embalagem e transporte. De outro, acrescenta custos que não trazem qualquer alteração ao valor do produto. Como custo de capital, temos investimentos em armazéns, veículos e equipamentos de movimentação. Como custos operacionais, mão–de–obra, combustíveis, manutenção de estoques, veículos e equipamentos. Vem dessas características e do papel que desempenha na relação empresa/consumidor, a necessidade de racionalização de suas operações. A distribuição física é responsável, afinal, por:

  • Equilíbrio entre a oferta e a demanda;
  • Manutenção de um fluxo contínuo de escoamento, de forma a preservar a imagem e credibilidade do produto, produtor e distribuidor;
  • Manutenção do produto em perfeitas condições durante todo o tempo necessário à sua comercialização; 
  • Dificultar a concorrência através do planejamento para exploração de novos mercados.

O projeto de distribuição física é definido por fatores como localização geográfica do mercado consumidor, quantidade de clientes, números e volume de pedidos, características e variedades de itens fornecidos. Uma montadora de autopeças na região do ABC certamente terá um projeto logístico de distribuição física mais simples que o de uma produtora de gêneros alimentícios perecíveis que abastece a rede varejista em todo o território nacional. Ela fornece grandes lotes a um pequeno número de clientes – a indústria automobilística – geralmente também concentrada na região do ABC. Já a produção de gêneros alimentícios tem que considerar a dispersão geográfica e os diferentes portes de compradores e adotar medidas que evitem a deterioração dos produtos também durante longos percursos.

Provavelmente, montarão centrais de distribuição regionais, de forma a reduzir seus custos de transportes e aumentar a segurança do abastecimento em locais mais distantes.

Pode-se dizer, portanto, que a distribuição é o planejamento do abastecimento de clientes, filias e depósitos, visando assegurar um máximo de vendas. Por isso, deve responder a três perguntas:

  • Quanto distribuir? – problemas de lote econômico que veremos no próximo item. 
  • Onde distribuir? – programação de remessas.
  • A quem distribuir? – transporte, estocagem e rede de revenda.

Na moderna administração da distribuição física, foi introduzido um excelente instrumento para gerenciamento de dados e informações possível pela evolução da computação, denominando DRP – Distribution Resources Planning, que coordena todas as operações, incluindo:

  • Volume de vendas;
  • Controle de estoque;
  • Planejamento de estocagem;
  • Ordenação de pedidos;
  • Acumulação de pedidos;
  • Cálculo de fretes;
  • Definição de rastreamento econômico;
  • Cálculo de necessidade de transporte.

4.1 – Central de Distribuição

A armazenagem e controle de estoques são vitais ao projeto logístico. A questão crucial é determinar a quantidade e estocar para que o produto não falte ao consumidor, mas para que não exceda, também, às necessidades da empresa. E, aqui, considera-se tanto o estoque de matéria prima como do produto final. De um lado, temos as inúmeras funções dos estoques, entre as quais se destacam:

  • Proteger o sistema de distribuição contra as oscilações da demanda;
  • Garantir a disponibilidade do produto ao consumidor;
  • Atender aos pedidos dentro do prazo contratado;
  • Fazer frente à demanda sazonal, de forma a absorver as diferenças entre o padrão previsível de procura e a capacidade de produção da empresa. De outro, são inegáveis os custos que acarreta. Hoje em dia, estima-se que 30% do capital circulante das empresas está aplicado no estoque.

Jornal – O Estado de São Paulo – Publicado em 04 de outubro de 1988

J.G. Vantine – Engenheiro Industrial, consultor, professor especializado em logística, distribuição, movimentação, armazenagem e embalagem. Professor da OEA para América Latina. Diretor geral da Vantine & Associados, empresa especializada em Logística e Distribuição Física.

Diretor Geral da Vantine Consulting, empresa de Consultoria em Logística e Supply Chain Management.