A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e outras 11 empresas estão anunciando um grande evento: um palete padrão com o qual o Brasil vai ingressar numa trilha já percorrida há mais de duas décadas por nações desenvolvidas, onde o palete é elemento vital na cadeias da Logistica e Distribuição.

A Abras, juntamente com essas 11 entidades envolvidas no projeto, é responsável por 95% de toda a circulação nacional de mercadorias, daí a importância do lançamento. Vamos ter no Brasil, finalmente, o palete de distribuição, ou o palete-pool, uma forma de o fornecedor, o transportador e o cliente terem uma espécie de moeda comum que troca de mãos a cada operação de coleta e entrega.

Os estudos do palete nacional de distribuição, que tive a honra de coordenar, começaram há dois anos na Divisão de Logística da Abras. O projeto teve fluxograma do planejamento integral que partiu da pesquisa de normas internacionais e nacionais e vai chegar, em breve, ao ultimo item dessa maratona – a certificação do produto.

Quatorze tipos de paletes foram confeccionadas até se chegar ao modelo que a Abras escolheu, o de 1m x 1,20m. Indústrias como a Nestlé Gessy Lever mais o Grupo Pão de Açúcar e a Transportadora Dom Vital testam cada um cem paletes. Ao mesmo tempo, o produto passa por análise nos laboratórios do IPT da Universidade São Paulo.

Hoje, é ocioso discutir se o palete é vantajoso ou não. Ele é definitivo e está mais do que aprovado nas economias desenvolvidas. Nesta década, va-se chegar ao limite de redução de gastos na ponta do custo industrial e o corte de gorduras ocorrerá na área de Distribuição Física, onde o campo é fértil para a racionalização. No Brasil dos anos 90 quem vai cumprir essa tarefa será o palete padrão e as técnicas de Logística.

O lançamento do palete padrão será força motriz que desencadeará várias mudanças: se a rede nacional de supermercados, que sozinha responde por 75% do total de mercadorias movimentadas no Brasil está-se preparando para o palete-pool, forçosamente quem fizer parte de sua área de influência terá também de se adequar.

Os anos 90 já se apresentam como período em que a prestação de serviços será soberana e a Logística e Distribuição vão jogar papel de relevo. Até porque, na década, elas serão instrumentos supereficientes com que as empresas contarão para obter melhores resultados. O palete, como elemento de interface da cadeia de Distribuição Física, sem dúvida vai ser fundamental.

O palete de distribuição nacional foi estudado segundo um fluxograma que levou em conta cinco capítulos: levantamento de dados, definição, desempenho, especificação e análise econômica/implantação.

Levantamento de dados – Nesta primeira etapa do projeto, foi realizado levantamento das normas nacionais e internacionais existentes, além de análise e estudo comparativo. Realizou-se, também, pesquisa junto a usuários e fabricantes. O projeto cuidou também de levantamento das madeiras por região, analisando o seu poder de utilização ao longo do tempo. Além disso, pesquisou-se e avaliou-se os sistemas de movimentação e estocagem e transporte existentes no País.

Definição – Foram feitos desenhos de paletes e fabricação de um lote mínimo, utilizando-se madeira padrão. Os paletes fabricados entraram em circulação numa indústria alimentícia e na central de distribuição de um supermercado.

Desempenho – Os paletes tiveram seu desempenho analisado ao mesmo tempo em que foram executadas análises de laboratório. Nesta fase foi determinada, ainda, a Unidade Padrão de Carga. Finalmente, escolheu-se o tipo mais adequado para a distribuição nacional.

Especificação – Nessa fase estudou-se a madeira ideal e a definição de componentes, além da confecção de novos protótipos, e a conseqüente avaliação de seu desempenho.

Análise econômica / implantação – É a fase final do projeto. Já foram realizados estudos de custos, avaliação de mercado, utilização por parte dos usuários e fabricantes. Resta apresentar o estudo do palete para a Associação Brasileira de Normas Técnicas, tendo em vista a fundamentação do mesmo como Norma Nacional, e obter a sua certificação, isto é, fazer com que o palete de distribuição nacional receba o Certificado de Qualidade de suas características, qualidade essa assegurada pelos próprios fabricantes.

O palete de distribuição nacional que a Brás escolheu (1m X 1,20m), terá quatro entradas e face simples. Ao contrário dos paletes atuais, que pesam cerca de 40 quilos, volume extremamente exagerado, ele pesará aproximadamente 30% menos, o que trará grande economia. Hoje, se colocarmos 24 paletes num caminhão, eles, sozinhos, pesam algo próximo de uma tonelada, um desperdício.

A confecção de um palete padrão também trará o beneficio de se deixar de lado os mais de mil modelos atualmente existentes no mercado.

Mas, qual será e de onde virá a madeira para esse palete? O projeto prevê – e os estudos para isso então em fase final – a criação de uma floresta artificial, nos moldes de como age hoje a indústria de papel, que explora a madeira de forma disciplinada.

Com a floresta artificial, haveria muitos benefícios, uma floresta reciclável preserva as matas brasileiras; a produtividade por m² ou hectare é muito maior do que na floresta natural, além de se ter uma área plantada bem menor; é possível criar essa floresta próxima aos centro de produção e consumo, eliminando distâncias do até três mil quilômetros, como ocorre; o custo de extração da madeira é infinitamente menor; e na f

Jornal o Estado de São Paulo

Floresta artificial o manejo da terra e da floresta podem ser automatizados.

J.G.Vantine Consultor especializado em Logística, Distribuição, Movimentação, Armazenagem, Embalagem e Transporte. Diretor Geral da Vantine & Associados. Coordenador de Logística da ABRAS e professor da OEA.

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