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Planejamento Tributário – A era da Logística Tributária

Incentivos fiscais transformam o Brasil no único país do mundo no qual a menor distância entre dois pontos não é uma reta. Agora, os tributaristas alertam as empresas para que analisem os detalhes fiscais e financeiros de suas operações, pois os riscos podem ser maiores que as vantagens. Acompanhe mais esta série de reportagens.

Página 5 – Competência Ampliada

No início dos anos 90, o consultor José Geraldo Vantine elaborou um grande projeto de modelagem de distribuição para um representante deste setor que se instalou em São Paulo, o maior centro consumidor do Brasil. Dois anos depois, a empresa fechou as portas e mudou-se para Pouso Alegre, cidade que oferecia benefícios fiscais em Minas Gerais, porque não tinha mais como competir com os atacadistas instalados naquele estado.

“Hoje é arriscado aconselhar uma empresa a se instalar em determinado local apenas por conta de um incentivo. E se ele deixar de existir? A verdade é que não há remédio único para todas as empresas. Dois concorrentes podem ter planejamentos tributários completamente distintos”, ressalta.

Por conta desta complexidade, na opinião de Vantine, uma formação completa de um bom profissional de logística deveria agregar conhecimentos de Engenharia Industrial ou de Produção, Administração de Empresas, Administração de Materiais, Economia, Marketing e Direito Tributário.

Para o consultor, este último campo de especialidade se integrou ao perfil de competências essenciais no mercado porque o governo brasileiro tem um viés arrecadador. “As Eadis, por exemplo, não foram criadas por questões logísticas, mas para serem postos de arrecadação e fiscalização da Receita”, lembra.

Segundo Vantine, a complexidade da legislação brasileira é uma questão cultural e política. “Por isso, com raras exceções, o que define um projeto de modelagem logística atualmente é a questão tributária”.

As distorções são gritantes. Uma multinacional vende 40% de suas ferramentas no Brasil, atualmente, com destino a Brasília. “Se a empresa trabalhar “by the book”, o que sobra no final do mês não dá para pagar a carga tributária. Quando houver uma equalização de impostos, seguramente a matriz logística do País mudará. Mas a reforma tributária não vai para frente porque mexe com o interesse de cada Estado”, declara Vantine.

Tecnologística on line – Ano XI – nº 123 – Fevereiro/2006

http://www.tecnologistica.com.br/site/5,1,26,12824.asp