VIVENDO A LOGÍSTICA

LOGISTECH´88

Em nossa última edição do VANTINEWStivemos a grande satisfação de poder relembrar com nosso amigo Carlos Alberto Júlio, atual Presidente da HSM, o que representou o LOGISTECH BRASIL´88 – 1º MEGA EVENTO DE LOGÍSTICA.

Nas 60 conferências classificadas em 15 módulos de concentração, pudemos contar com vários conferencistas de alto padrão que contribuíram para o sucesso deste evento, dentre eles:

Sr. Tarcisio Gargioni, atual Vice-Presidente de Marketing da GOLabordando o tema “Custos Operacionais e Tarifas no TRB”;

Sr.Michel Abdo Alaby, atual Presidente da ADEBIM, falando sobre “Mercado Externo: O Desconhecido Mundo das Exigências para Embalagem de Produtos Brasileiros”;

Sr.Paulo Lima, atual Diretor do Grupo Pão de Açúcar, com o tema: “Análise Comparativa entre Entrega Centralizada e Descentralizada para Redes de Supermercados”;

Sr.Geraldo Viana, atual Presidente daNTC que tratou do tema: “Política de Tarifas e Fretes no TRB”;

Sr.Ernesto Pichler, atual Diretor do IPT– Instituto de Pesquisas Tecnológicas, apresentando o tema: “Quais as Vantagens do Uso das Normas Técnicas no Planejamento de Embalagem”;

Entre outros

Cada conferência no LOGISTECH BRASIL´88 foi apoiada por textos técnicos de alta qualidade, oferecendo oportunidade de atualização e desenvolvimento.

Continuamos na próxima edição.


PONTO DE VISTA

BANCO CENTRAL – CHEGA DE ACADEMICISMO

Acredito que, como nós, muita gente, para não dizer uma multidão, deve estar cansada das ações do nosso gloriosoBacen – Banco Central do Brasil.

O que estará acontecendo com essa importante instituição, que deveria ser a guardiã da nossa economia e agir no sentido de fazê-la crescer em prol da sociedade em que está inserida?

Todos já repararam que o Bacen deixou de ser o tal guardião para se preocupar apenas com a inflação. E todos já perceberam que há muito ela não está fora de controle. Aliás, somente ficará fora de controle se o Bacen continuar com sua atual política.

Todos sabemos que não existe no Brasil de hoje a inflação de demanda, que oBacen insiste em apregoar, de forma totalmente equivocada, para dizer o mínimo. Claramente, nossa inflação é de custos, e é duro perceber que nossos governantes estranhamente não entendem tal fato.

Como considerar que a inflação é de demanda se a mesma vem deprimida há muito tempo? Por outro lado, como não perceber que é de custo, se o empresário tem que financiar sua produção a juros estratosféricos? Como se pode produzir com taxa Selic rondando 150-200% da inflação real que tem se mantido por volta de 6-7%? Para não mencionar os juros bancários, que, como se sabe, são bem maiores. Nenhum empresário, pelo que se sabe, obtém empréstimos com taxa de juros menor que 40%, sendo a média em torno de 60-70%.

Sem falar na carga tributária, a maior do planeta em termos relativos e de acordo com o nosso PIB – Produto Interno Bruto, e em relação àquilo que retorna ao povo brasileiro. Retorna é modo de dizer, obviamente.

Não vemos o Bacen preocupado com emprego, com crescimento, com planos de incentivo à produção, etc. etc. Mas o vemos altamente preocupado com a saúde financeira dos bancos, caso contrário sua política seria diferente. A propósito, registre-se que no ano de 2003 os bancos instalados no país tiveram o melhor ano de sua história. Inacreditável que isso tenha ocorrido justamente agora, em 2003, após tantos governos sabidamente capitalistas. E, pasme-se, 2004 já tratou de tirar esse título de 2003. Inacreditável? Verdade.

Como se pode conceber que os bancos tenham tamanho lucro, e retorno de cerca de 24% de seu patrimônio, segundo a grande imprensa, enquanto a indústria tem retorno de cerca de 5%? Não é assustador pensar que, de repente, a indústria possa perceber que é melhor vender seu ativo e colocar o seu dinheiro no mercado financeiro? Qualquer aplicaçãozinha pagará mais do que a indústria está ganhando. Causa-nos arrepios.

Em todos os países do mundo, e pode-se verificar pelos jornais, a taxa de juros gira em torno de 10-20-30% a mais do que a taxa de inflação, quando não é negativa, como por exemplo nos EUA, Japão e Venezuela.

Será difícil olhar para cima, e ver como age o Federal Reserve, o “Bacen” do grande irmão do norte, e o que faz o grande Alan Greenspan, seu presidente? Ao olharmos como agem o Bacen e nossas autoridades, em relação ao restante do mundo, só podemos chegar a uma conclusão. Ou o Brasil ou o mundo está errado. E talvez não seja difícil perceber quem. Se temos a esperança de criar nova teoria econômica, podemos esquecer, pois no buraco ninguém aparece.

O stress com o Bacen é contínuo. Por três semanas fica-se especulando sobre o que ele vai fazer, ops, de quanto o juro vai aumentar. Após, por uma semana, fica-se a espera da ata para saber qual o viés adotado e, então, recomeça-se a espera de três semanas. Não há economia ou povo que suporte isso. Também pergunta-se qual a razão de se demorar uma semana para divulgar uma ata, que nos EUA sai no ato. Sem trocadilhos.

Assim, pedimos, urgentemente, o fim do academicismo do Bacen, que a sociedade não é laboratório e não merece uma instituição assim. Não que não seja possível criar em teoria econômica, tema que está sempre em aberto, mas, não seria melhor seguir as que já existem, e que tem feito o mundo se desenvolver ao longo do tempo? Tantos prêmios Nobel no mundo e será que nada pode ser aproveitado aqui? Por que temos que achar que a pólvora e a roda podem ser reinventadas?

Será que isso é o Brasil? Não, com certeza o Brasil é outro e não podemos ter um pequeno grupo que acha que todos os demais 180 milhões são apenas palpiteiros incompetentes e devem curvar-se à sabedoria da casta no poder.

Ricardo Bergamini: Os sábios ensinam, os ignorantes tem opinião formada sobre tudo, os estúpidos governam, e Deus pune os estúpidos atendendo as suas preces.

Samir Keedi
Professor de graduação e pós-graduação, autor dos livros “Transportes, unitização e seguros internacionais de carga”; “Logística de transporte internacional” e “ABC do comércio exterior” e tradutor oficial para o Brasil do “Incoterms 2000”.
e-mail: samir@aduaneiras.com.br

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