VIVENDO A LOGÍSTICA

NOS PRIMORDIOS DA PADRONIZAÇÃO

Continuamos o resgate da história da logística no Brasil, voltando ao início da década de 80. Como já relatei, os profissionais pioneiros nessa área no país haviam acabado de fundar o Imam (Instituto de Movimentação e Armazenagem). E foi dali que surgiram os seminários destinados a debater a logística da época e do futuro. Em 1983, eu tive a honra de coordenar o primeiro Congresso Brasileiro de Embalagem, realizado no auditório do Centro Empresarial de São Paulo, com a presença do então Ministro da Indústria e Comércio, Camilo Penna.

Este foi o marco inicial da discussão de uma logística empresarial integrada. E, naquela oportunidade, lancei o conceito de sistema modular de embalagem e transporte. Desde então, sua base já era composta por uma visão holística da organização. Identificamos a necessidade de redução de custos na distribuição a partir da concepção do produto, passando pelo projeto da embalagem primária, ou de consumo, e integrando esta à embalagem de transporte.

Nascia assim a UPC (Unidade Padrão de Carga), vinculada aos meios de transportes. E que representou não apenas uma pedra fundamental para a cadeia de valor, como uma idéia arrojada para uma época em que não havia padronização de paletes ou de qualquer outro tipo de unitizador de mercadorias.

Na realidade, a maioria dos caminhões trafegava com carrocerias descobertas (no caso da carga geral) e muito distante de qualquer padrão de dimensões. O futuro, porém, mais uma vez comprovou que nem sempre o que se planta como inovação se colhe em aplicação imediata. Este conceito, por exemplo, só foi gerar resultados mais de dez anos depois, no início da década de 90. O importante, no entanto, é que o próprio mercado reconheceu a melhor solução. Por essas e outras é que se torna tão importante passar a limpo a história da logística no Brasil.

 


PONTO DE VISTA

LUCRO NÃO É PECADO

Ficamos felizes e motivados com a notícia divulgada na semana passada de que a Basf quer enquadrar sua logística 100% dentro do sistema CIF, onde assume o frete e seus encargos, em detrimento do contrato FOB, modalidade em que este corre por conta de seu cliente ou fornecedor.

A alegria não se deve apenas ao fato de estar à frente desta idéia um dos mais competentes profissionais do mercado, o gerente sênior de serviços logísticos da Basf para a América do Sul, Marcelo Tiacci Schmitt. O que nos anima é ver empresas deste porte adotando uma medida que sempre defendemos, que é a de valorizar seus parceiros transportadores.

O objetivo da Basf é transformar o transporte em um diferencial competitivo da empresa. Esta solução, que de certa forma é simples na sua concepção, mas complexa na execução, trará ganhos para as três partes envolvidas: embarcador, transportador e cliente.

A operação, gerenciada pela Basf, torna possível selecionar operadores dentro dos seus padrões de qualidade e por meio de contratos de prestação de serviços (raras empresas fazem contratos com transportadores). Além disso, a Basf reduzirá seus custos anuais de transportes sem reduzir o valor do frete. Com isso, permitirá uma margem de lucro honesta às transportadoras, de maneira que elas possam investir em tecnologia e treinamento, como se espera de empresas sérias. Com isso, ganha também o cliente, porque a Basf manterá um elevado nível de serviço.

Esse é um grande exemplo de operação logística, que só não evolui mais rapidamente porque a infra-estrutura atual compromete o desempenho das transportadoras, elevando os custos de manutenção e inviabilizando por ora a utilização de outros modais.

A VANTINE endossa esta prática e procura recomendá-la em seus projetos a todos os seus clientes. Temos a convicção de que os executivos de logística que procuram reduzir custos achatando os preços de fretes estão dando a maior demonstração de incompetência que poderiam dar às suas empresas, pois enfraquecem seus prestadores de serviços. O transporte tem de ser valorizado. Não é pecado que este parceiro tenha lucro. Afinal de contas, se bem aplicado, este lucro retornará na forma de bons serviços para a própria empresa contratante. Isso sim é parceria. O resto é usar apenas a tesoura, sem inteligência.

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