VIVENDO A LOGÍSTICA

1980 – SISTEMA DE MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM DE MÓVEIS DE MADEIRA

Enquanto escrevo estas memórias relembro que foi em uma época assim, de Carnaval, de chuvas e outros desafios que, em 1969, fui admitido na EletroRadiobraz S/A. Iniciei assim uma carreira vivida mais em Planejamento do que em operação. A busca de melhorias, de racionalização operacional e também de procedimentos, foi a tônica em minha carreira, que na época estava apenas começando.

A aparência interna do DDG – Departamento de Depósito Geral era de um grande movimento de mercadorias, lutando com as dificuldades existentes na Armazenagem e Movimentação. As embalagens, relativamente insuficientes, requeriam maior cuidado, resultando em mais lentidão nas movimentações e manuseio.

Nos anos 70 a situação havia mudado um pouco. Especialmente no caso de móveis de cozinha e de quarto, haviam surgido os móveis modulados. Para a copa e cozinha, a novidade era pelo surgimento desta nova opção de decoração. Para os móveis de quarto, alterou-se a rotina dos entregadores. Anteriormente os armários eram entregues montados, ou desmontados na casa do cliente, para viabilizar a entrada no domicílio. Havia casos de domicílios com dificuldade de acesso e, quando associados a armários e guarda roupas especiais, como o maior modelo Beling House, requeria entregas especiais com veículo especial (utilizado também para entrega de pianos) e equipe de fortes entregadores providos de correias especiais.

Esta ilustração dá uma idéia básica do formato destas “gaiolas” acrescentando o empilhamento máximo para utilização do espaço. A utilização era parcial mesmo se tratando de um pé-direito útil de apenas 7,20m:

Desenvolvemos os primeiros estudos visando a racionalização da estocagem, praticada conforme a imagem seguinte. Os efeitos desta situação eram sobre a ocupação do espaço, lentidão na movimentação, excesso de manuseio desumano e irracional, além do lado menos visível para os operadores, que era a incidência de avarias. Foi este quesito que mais pesou na condução do projeto para pretender a respectiva implantação.

Após o senso comum de que a mecanização seria a solução para esta situação e seus problemas decorrentes, passamos a desenvolver os estudos buscando afirmar com o grupo a visão da viabilidade técnica e operacional da proposta transformando-a de fato, em um projeto. O projeto consistiu nos seguintes elementos:

– Estrutura (metálica) Porta-Paletes Convencional;

– Estrutura (metálica) Porta-Paletes Tipo Drive-in com dupla profundidade;

– Palete Misto (Aço e Madeira) formando UPC – Unidade Padrão de Carga de 2,30m x 1,85m x 1,10m e com dupla entrada. Capacidade de carga de 1.500kg;

– Carreta de rodas maciças com possibilidade de ser operada manualmente (pequenas manobras). Com área similar à do palete comportava uma unidade de cada vez.

– Rebocador elétrico (KadyKeto) para 2t, operando com uma carreta;

– Empilhadeira YALE a combustão (Máxima elevação dos garfos = 5,30m).

Esta foto ilustra o protótipo implantado com a participação de dois fornecedores. O assunto era tão especial que, com o aval da diretoria trabalhamos em parceria com Móveis de Aço Fiel e Metalúrgica Águia – hoje, Sistemas de Armazenagem.

Aprovado e implantado o projeto havíamos vencido mais uma batalha de racionalização, evoluindo na substituição das “gaiolas”, não por qualquer meta pessoal, mas pela inovação decorrente dos desafios e metas de criatividade. Além de ter sido um projeto pioneiro a paletização foi aplicada de certa forma ao carregamento das carretas nos fornecedores de móveis reduzindo de 2,5horas para 20 minutos, o tempo de descarregamento na Central de Distribuição, com a devida redução de espera e fila. Os operadores e o serviço médico agradeceram, a gerência viu desaparecer o assunto Avarias, o tempo de separação foi reduzido e a capacidade de estocagem cresceu em 28%.

SEMPRE HAVERÁ UMA CONDIÇÃO OPERACIONAL MELHOR E MAIS RACIONAL E CUMPRE A NÓS ENCONTRÁ-LA.

C. B. MARRA
Vantine Logistics Solutions


PONTO DE VISTA

OBTENDO VANTAGEM COMPETITIVA ATRAVÉS DA LOGÍSTICA

Das muitas mudanças que ocorreram no pensamento gerencial nos últimos 10 anos, talvez a mais significativa tenha sido a ênfase dada à procura de estratégias que proporcionassem um valor superior aos olhos do cliente.

A vantagem competitiva não pode ser compreendida olhando-se para uma empresa como um todo. Ela deriva das muitas atividades discretas que uma organização desempenha projetando, produzindo, comercializando, entregando e apoiando seu produto. Cada uma dessas atividades pode contribuir para a posição de custo relativo da empresa e criar a base para a diferenciação.

A cadeia de valor desdobra a empresa em suas atividades estrategicamente relevantes, para compreender o comportamento dos custos e as fontes de diferenciação existentes ou potenciais. Uma organização ganha vantagem competitiva executando estas atividades estrategicamente importantes de maneira mais barata ou melhor do que seus concorrentes.

A vantagem competitiva surge da maneira como as empresas desempenham estas atividades discretas dentro da cadeia de valor. Para ganhar vantagem competitiva sobre seus rivais, uma empresa deve proporcionar valor para seus clientes desempenhando as atividades de modo mais eficiente do que seus concorrentes ou desempenhando atividades de forma que crie maior valor percebido pelo comprador.

Pode-se afirmar que o gerenciamento logístico tem potencial para auxiliar a organização de alcançar tanto a vantagem em custo/produtividade como a vantagem em valor.

Existe igualmente uma necessidade crucial de estender a lógica da integração para fora dos limites da empresa, para incluir os fornecedores e os clientes é neste contexto que se insere o conceito de gerenciamento da cadeia de suprimentos.

A cadeia de suprimentos representa uma rede de organizações, através de ligações nos dois sentidos, dos diferentes processos e atividades que produzem valor na forma de produtos e serviços que são colocados nas mãos do consumidor final.

O gerenciamento da cadeia de suprimentos não é a mesma coisa que “integração vertical”. Pensou-se uma vez que isto seria uma estratégia desejável, mas atualmente, as organizações estão cada vez mais focando “seus negócios”, em outras palavras, nas coisas que elas fazem realmente bem e onde elas têm uma vantagem diferencial. O restante é “adquirido externamente”, isto é, obtido fora da empresa. Por exemplo, as companhias que no passado produziam seus componentes neste momento somente montam o produto acabado, como os fabricantes de automóveis. Outras companhias podem também sub – contratar a fabricação, inúmeras empresas em computadores usam terceiros para serviços de distribuição e de logística.

Certamente, esta tendência tem muitas implicações para o gerenciamento logístico, não sendo menos importante o desafio de integrar e coordenar o fluxo de materiais de uma variedade de fornecedores, em geral estrangeiros, e, ao mesmo tempo, gerenciar a distribuição do produto acabado por meio de vários intermediários.

DANIEL VANTINE
Vantine Logistics Solutions

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