VIVENDO A LOGÍSTICA

1975 – CD – CENTRAIS DE DISTRIBUIÇÃO

A lógica para as redes de varejo era enxergar as lojas como unidades de venda tendo os depósitos como unidades de estocagem.

Na EletroRadioBraz S/A, a mais importante rede de lojas de departamentos, hipermercados e supermercados, até 1976, assim como outras marcas como Isnard, Ducal, Garbo, Mesbla, Mappin e Jumbo (Pão-de-Açúcar), a funçãoestocagem, gerava muitas operações difíceis e nem sempre eficazes. Os prazos de pagamentos eram muitos longos (até 180 dias) provocando grande volume de estoque, relacionado com o prazo de pagamento.

Estoques elevados prejudicavam as previsões de vendas e organização da própria indústria pelo fenômeno mais tarde identificado como “estoque na cadeia”, o que sabemos há alguns anos prejudica a organização dos seotres produtivos.

A área próxima ao CEASA (CEAGESP) inundava regularmente, portanto muito mais que hoje. Nesta área estavam localizados armazéns (depósitos) da Eletro (EletroRadioBraz), do Mappin e do Pão-de-Açúcar. No caso da Eletro era um depósito auxiliar, primeiramente para Almoxarifado e ampliado posteriormente para Alimentos; posteriormente foi agregado outro departamento, de Móveis.

Desde 1971, a Eletro contava com moderno depósito, ainda mantendo a sigla DDG – Departamento de Deposito Geral, localizado no km 17,5 da Via Anhanguera. Suas principais características eram: a) Área total de 26.000m² em dois prédios, b) Pé-direito de 7,20m (!), c) Áreas de Recebimento e Expedição adequadas, d) Docas identificadas, portaria, etc.

Ressaltando, mesmo que genericamente, a evolução da organização interna dos depósitos estava mais relacionada com o layout (possível) e menos com as especificações dos equipamentos de movimentação e estocagem.

1975 foi um ano importante para a área de Materiais (ainda não se falava em Logística), com este nome. O abastecimento das lojas estava sempre sendo observado como uma área que poderia ser racionalizada. Na época ainda se usava a expressão que “Estoque e Armazenagem eram males necessários”. Não estava em foco a utilidade destes recursos de forma estratégica e tática. Neste ano houveram mudança importantes. Na Eletro, Silvio de Almeida, vindo da ABIA – Associação Brasileira da Industria Alimentícia eliminava paredes e divisórias dos escritórios e buscava meios mais racionais de distribuição. A rede de supermercados denominada PEG PAG, liderada pelo suíço Otto, implantou um grande depósito, com requintes de mecanização e organização, próximo ao depósito da EletroRadioBraz.

Ambas as instalações foram identificadas neste ano como CENTRAIS DE DISTRIBUIÇÃO, termo expresso até hoje no prédio da Cia Brasileira de Distribuição (Pão-de-Açúcar). As condições de organização e operação começam a mudar com mais dinamismo, com maior força.

O conceito de comercialização estava mudando, ainda que lentamente. As cadeias de varejo tinham dificuldades de administrar o caixa, apesar dos longos prazos de pagamento. Muitas empresas viviam em dificuldade. Em 1974 e em 1976, a Eletro sofreu primeiramente uma concordata e depois com a impossibilidade de sair da concordata, beirava a falência.

Em 1976 o Pão-de-Açúcar comprou a Eletro. Em 1978 foi a vez do Peg Pag ser incorporado à CBD – Cia Brasileira de Distribuição. Ações de integração entre as equipes da Eletro e Pão-de-Açúcar marcaram o inicio de minhas atividades em planejamento desde 1976. Aí ficaram gravados nomes como Paulo F. M. de O. Lima, Luis Fábio Jordão Martinelli, Luis Cyrillo Ferrari e Salomão Teixeira, entre outros. A força e a tecnologia das Centrais de Distribuição, hoje geralmente denominadas CD – Centros de Distribuição estava apenas começando a serem apresentados para os administradores. A própria indústria brasileira ainda teria muito que aprender com as práticas do varejo em atendimento de clientes, o qual também ainda tinha muito a evoluir.

C. B. Marra
Vantine Consulting


PONTO DE VISTA

LOGÍSTICA SUSTENTÁVEL

Cresce muito rapidamente na grande mídia internacional e nas agendas (muitas vezes hipócrita) de governos e empresas, o termo “Sustentabilidade”.

Numa rápida retrospectiva histórica, tendo em vista que hoje “Sustentabilidade” tem três vetores (Econômica, Social e Ambiental) quero comentar o seguinte:

– Embora nunca tenha sido usado na literatura empresarial o termo “Sustentabilidade econômica”, na verdade ela sempre foi a razão de ser das empresas. Buscar o lucro reinvestindo-o em crescimento e assim estabelecendo o ciclo de crescimento sustentável (esse sim, algumas vezes utilizado).

– No advento da globalização nos idos dos anos dos anos 90 percebemos que houve incremento gradativo e acelerado com relação ao termo “Igualdade Racial”, “Distribuição de Renda”, “Eliminação da Miséria”, aliás todos constantes da “Declaração dos Direitos dos Homem”. Posteriormente, o meio empresarial começou a se “preocupar” com a chamada “sustentabilidade social” quando surgem o “terceiro setor”.

– O que antes se enquadrava no termo amplo “Ecologia” foi evoluindo e saiu da esfera “proteção dos animais” para “aquecimento global” e “gases de efeito estufa”. E aí irreversivelmente “Sustentabilidade Ambiental” entrou na pauta de preocupação da humanidade.

A amplitude do tema “Sustentabilidade Ambiental” é ainda desconhecida. Cientistas, Estadistas, Políticos e Empresários se colocam muitas vezes em situação antagônica. Mas esse não é o meu foco.

Meu foco é: LOGÍSTICA SUSTENTÁVEL.

Certamente não é muito perceptível para a maioria das pessoas, porém alguns dados sempre são publicados na grande mídia (igualmente colocando o transporte como vilões). O Estado de São Paulo possui no site www.cetesb.sp.gov.br alguns relatórios em consulta pública do “PROCLIMA” amparado na lei estadual 13.798/2009 (PEMC – Política Estadual de Mudanças Climáticas).

Com base nesses estudos, vários setores do governo estadual (fato ampliado para esfera federal) vivem pregando a “mudança na matriz de transportes”, que na minha opinião não possui fundamento operacional e nem técnico (tratarei desse tema posteriormente).

Meu foco em “ Logística Sustentável” está na relação de “Geração de Gases Efeito Estufa (Ton)/ Km tonelada aplicado no transporte em toda cadeia Logística”

E para mim, o tripé da “LOGÍSTICA SUSTENTÁVEL” forma outra equação:

– QUALIDADE DE SERVIÇO DOS CLIENTES;
– CUSTOS LOGÍSTICOS;
– VOLUME DE EMISSÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA.

Voltaremos ao assunto !

J. G. VANTINE
Vantine Consulting

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