VIVENDO A LOGÍSTICA

VAREJO, A HORA DE PENSAR EM DISTRIBUIÇÃO EFICAZ

No cenário de janeiro 1991, o Brasil apresentava uma situação política e econômica extremamente complexa, vivenciada durante o controverso Governo Collor.

Paralelo a essa realidade, e como você tem acompanhado pelas ultimas edições, neste mesmo momento a logística começada a sair das quatro paredes das indústrias, e caminhando na direção do varejo, e especialmente o segmento de supermercado.

Este importante segmento do varejo brasileiro, tambéminiciava uma forte e irreversível fase de transição, principalmente pela expansão da rede Carrefour, dacrise familiar da rede Pão de Açúcar, e a pressão originada pelos grandes fornecedores multinacionais.

Portanto esse tripé (GOVERNO COLLOR, TRANSIÇÃO DAS REDES DE SUPERMERCADOS E PRESSÃO FORNCEDORES), começamos a discutir no ambiente da ABRAS – Associação Brasileira de Supermercados, as questões mais relevantes para relacionamento dessa cadeia de abastecimento.(ATENÇÃO: NESTA ÉPOCA NEM SE COGITAVA A PALAVRA SUPPLY CHAIN), como política de estoques, modelagem de distribuição e etc. Veja nas edições anteriores que nessa oportunidade em 1988/90 já tínhamos criado o comitê de logística da ABRAS, e através dele desenvolvemos e implantamos o palete PBR, e já estávamos desenvolvendo o VUC (leia nas edições anteriores).

Desta forma, portanto e conforme você pode ler no artigo de minha autoria publicado no dia 29-01-91, matéria do Estado de São Paulo, que já estávamos trazendo o varejo para o cenário da logística no Brasil.

J.G.Vantine.

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PONTO DE VISTA

PEDÁGIO URBANO, UMA ALTERNATIVA SAUDÁVEL 

As vias de tráfego de veículos que integram o sistema de transporte de uma  megalópole como São Paulo podem ser comparadas ao sistema circulatório do corpo humano.Quanto maior a fluidez dos veículos, tanto mais saudável é a mobilidade urbana.

Como as ruas de São Paulo estão literalmente entupidas de veículos, o que observamos é o “enfarte” das vias (das veias…) de circulação. O excesso de tráfego nas artérias principais acarreta o congestionamento das vias capilares. A solução cirúrgica para essa grave deficiência no sistema de transporte pressupõe um complexo de medidas logísticas, tal qual pontes de safena, para debelar – ou, ao menos, minorar – o problema. Vale dizer que nenhuma solução, isoladamente, é capaz de resolver o caos do tráfego de veículos.

O VUC (Veículo Urbano de Carga), cuja concepção tive a satisfação de liderar; o Rodoanel; os Cebolões; e o abastecimento noturno, entre outras medidas, compõem um conjunto de alternativas que melhoram a mobilidade. O mesmo acontece com o pedágio urbano nas marginais Tietê e Pinheiros, proposta que, finalmente, a Prefeitura de São Paulo promete implantar para breve.

Sou absolutamente favorável ao pedágio urbano eletrônico (incluindo a cobrança automática, sem que o veículo tenha que parar na cabina para pagar), por uma série de razões. Em primeiro lugar, a medida preserva o direito constitucional de ir e vir dos cidadãos, ao contrário do que alegam opositores desta solução, que vêem na adoção do pedágio urbano um ato restritivo à circulação das pessoas. Ora, o projeto pressupõe o pedagiamento em algumas novas faixas a serem construídas nas marginais. Ou seja, apenas quem precisa ou deseja ter maior fluidez pagará o pedágio urbano. Caso, sobretudo, dos responsáveis pela circulação de mercadorias em veículos de carga e das pessoas que transitam em veículos particulares deslocando-se a trabalho, e não a passeio.

Objeta-se, também, que já temos um excesso de impostos e que o pedágio urbano irá onerar ainda mais o bolso do cidadão. Balela. É claro que estamos todos saturados com o excesso de tributos arrecadados e, no mais das vezes, mal aplicados pelo Poder Público. Acontece que o pedágio (a rigor, juridicamente, um preço público), nem tributo é, muito menos imposto. O imposto é um tributo cujo pagamento é compulsório, obrigatório. O pedágio urbano é como se fosse uma taxa, uma espécie de tributo, que só paga quem usa e que paga mais quem usa mais. Caso o projeto de pedágio urbano não contemplasse vias alternativas nas marginais sem a cobrança do novo “tributo”, configuraria-se como que a cobrança de um imposto – de um tributo compulsório –, cuja legalidade, inclusive, poderia ser firmemente contestada.

Por fim, gostaria de enfatizar a necessidade de que a Prefeitura implante, com recursos próprios, o pedágio urbano, ainda que, no futuro, possa fazer a concessão das marginais à iniciativa privada, tal qual ocorre em diversas rodovias brasileiras. Se a Prefeitura quiser implantar o pedágio urbano por meio de concorrência pública, sabemos que a morosidade dos processos licitatórios pode procrastinar a adoção da medida por muitos anos. Assim, melhor garantir recursos orçamentários municipais. E, quando se conceder às marginais à iniciativa privada, que fique garantida a destinação de parte dos recursos arrecadados com a cobrança do pedágio urbano para a conservação das vias e a melhoria da sinalização de trânsito.
Pedágio urbano é um bom remédio. Afinal, como já ensinava o velho bordão: “São Paulo não pode parar”. Nem enfartar!!

J. G. Vantine