VIVENDO A LOGÍSTICA

Na última edição do VANTINEWS abordamos ainda em 1985 a 1a publicação da grande mídia impressa tratando sobre temas relacionados com a Logística, que foi o Caderno “Marina Mercante”, publicado no Jornal “O Estado de São Paulo”. O que tenho observado ultimamente é que grande parte dos profissionais de Logística, bem como operadores e prestadores de serviços tem dado um entendimento de que Logística é uma atividade nova. Quero então ressaltar alguns artigos que publiquei em 1985, como:

Em 01/janeiro, escrevi uma matéria sobre Transporte Intermodal, destacando muito antes da existência de legislação criando o OTM-Operador Transporte Multimodal, a importância da coexistência entre diversos modais de transporte, na gestão da operação logística, visando a redução de custos através da melhoria dos processo, e não apenas pela redução de custos e fretes.

 

Pouco tempo depois, em 03/outubro, abordei o tema “Como aproveitar melhor a navegação costeira”, tratando da utilização da cabotagem ligando grandes centros produtores e consumidores principalmente da região Sudeste e da região Norte e Nordeste. Isto tudo muito antes da política de desastização e da privatização dos portos. Mesmo após estes eventos, observa-se que após quase 20 anos a cabotagem ainda está o foco direcionado em transporte de carga geral, enquanto já naquela época defendemos o uso do transporte de cabotagem para produtos de consumo e a utilização do contêiner.

 

Neste mesmo ano em 24/setembro, desenvolvi o tema “Tecnologia de Embalagem”, alertando a necessidade da criação do “Sistema Integrado de Embalagem de Transportes”, sob o foco da otimização das operações logísticas, como: Armazenagem, Movimentação de Materiais e Transportes. Este artigo procurou vincular 3 elementos fundamentais, ou seja, o desenvolvimento do produto vinculado à criação da embalagem primária ou de consumo, e esta vinculada à embalagem de transporte, de maneira que houvesse a otimização na relação “peso x volume”, ou seja, da densidade média aparente.

 

Dando início a passos importante que ocorre mais a frente, escrevi um artigo com o tema “Palete: A Interface da Logística”, em 26/fevereiro. Foi uma das primeiras abordagens sobre a padronização do palete como elemento fundamental em vários processos, desde linhas de produção, passando por modulação de embalagens, transitando por padronização de carroceria de caminhão, dando diretrizes para sistemas de armazenagem verticalizada padronizada, e terminando na exposição do produto no ponto de venda.

Desta forma, nesta seção “Vivendo a Logística”, chamo a atenção para o conhecimento de fatos e elementos motivadores que muito enriquecem o conhecimento do atual estágio da Logística. Não se trata de mera história ou de saudosismo, mas sim do princípio da evolução que permite o conhecimento sistêmico aprofundado das práticas utilizadas atualmente.


PONTO DE VISTA

GESTÃO OU INFRA-ESTRUTURA: FALSO DILEMA

Aprimorar os conhecimentos do profissional do setor, que, em grande parte, ainda desconhece o conceito completo de logística é o principal desafio a vencer para a ASLOG (Associação Brasileira de Logística), que acaba de completar 15 anos. A opinião, destacada no portal da Revista Tecnologística, é do consultor José Geraldo Vantine, fundador e primeiro presidente da associação.

Em jantar comemorativo com os pioneiros da ASLOG, promovido pela VANTINE e registrado pelo site www.tecnologistica.com.br, J.G. Vantine alertou para um dos mais críticos focos que a entidade deve ter: formar especialistas com uma visão micro e macro do seu setor. “Gestão e infra-estrutura fazem parte da logística e muitas vezes os profissionais só conhecem ou se especializam em apenas um desses elos”, explica.

Ele avalia que a ASLOG trouxe grandes avanços para o segmento, mas que ainda há muito por fazer. “A idéia de instituir a associação ocorreu em 1988, quando então oito empresários do setor resolveram unir forças e conhecimento para desenvolver o setor”, lembrou Vantine.

“Quando entregamos o primeiro mandato, 350 profissionais faziam parte do quadro associativo; hoje, são cerca de mil deles, o que comprova o potencial de crescimento da associação”, disse o consultor.

Convidados muito especiais para a história da logística participaram do jantar comemorativo promovido pelaVANTINE: Mario Gorla, fundador e presidente daBRASILDOCKS, o primeiro operador logístico do Brasil, grande motivador e que patrocinou a festa da fundação; Yassuo Imai, presidente de IMC Internacional, parceiro da organização do megaevento Logistech´88, durante o qual foi lançada a semente da ASLOG; Reinaldo Zietlow, sócio-fundador e membro da primeira diretoria da entidade, como tesoureiro; Gilberto Miranda, também sócio-fundador e membro da primeira diretoria, como vice-presidente e primeiro presidente eleito; Paulo Lima, sócio-fundador e membro da primeira diretoria, como vice-presidente; Geraldo Vianna, presidente da NTC & Logística e entusiasta da fundação da ASLOG; e Carlos Mira, ex-presidente-executivo e atual presidente do Conselho daASLOG.

Ainda na semana passada, a ASLOG realizou sua 8ª Conferência Anual, com o Simpósio de Educação e Pesquisa em Logística. Reuniu empresários, executivos e profissionais em 38 palestras, feira de negócios (Fenaslog) e duas fóruns sobre cinco modais de transporte (rodoviário, ferroviário, fluvial, marítimo e aéreo).

O encontro debateu ainda a consolidação da terceirização dos serviços logísticos, forte tendência no Brasil, a exemplo do que ocorreu nos Estados Unidos e Europa. Com o tema “Produtividade, Custos e Competências em uma Era de Incertezas”, o evento partiu do princípio que ações isoladas não resolvem o problema do déficit logístico, hoje em 16% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

Contou com a participação de representantes de grandes entidades ligadas à logística no Brasil, como Paulo Pennacchi, presidente da Associação Brasileira de Atacadistas Distribuidores (ABAD), Geraldo Aguiar de Brito Vianna, presidente da NTC (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), Fabrizio Pierdomenico (Codesp), Ricardo Costa, da CNT (Confederação Nacional do Transporte) e Massimo Bianchi, representante da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

O peso deste encontro coincide, não por acaso, com o momento do lançamento na Bolsa de Valores de R$ 2,5 bilhões em ações, depois de alguns anos de estagnação (e de raras emissões). O mais interessante é notar que grande parte deste montante será captado no mercado por meio de empresas ligadas à logística, principalmente aos modais de transporte: Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), América Latina Logística (ALL) e Gol Linhas Aéreas. Para ter a dimensão do que isso significa, vale lembrar que, no ano passado, houve apenas uma emissão primária de ações, a da Rossi Residencial, de R$ 80 milhões. E que, em 2002, as seis operações não passaram de R$ 1 bilhão.

Essa é apenas uma das demonstrações cabais da necessidade urgente da formação de profissionais com visão global da logística. Que sejam especialistas sim, mas conscientes da importância estratégica da atividade para o mercado internacional e, acima de tudo, para a atualidade e futuro do Brasil.

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