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A padronização de palete no Brasil não foi instituída por nenhuma lei arbitrária, mas proposta por empresas ligadas aos vários setores da distribuição de bens de consumo.

A padronização de palete depende mais da boa vontade das indústrias e supermercados do que de investimentos. Por isso, vários profissionais continuam atuando no Comitê Permanente de Paletizaçao da ABRAS – Associação Brasileira e Supermercados, tentando conscientizar todos sobre as vantagens da padronização. Entre eles está José Geraldo Vantine, consultor de logística, distribuição física e diretor geral da Vantine Consultoria, Empresa de Consultoria em Logística e Supply Chain Management. Nesta entrevista concedida à Check-out, ele fala sobre palete e passa um pouco do conhecimento técnico e operacional da logística da Europa, EUA, Japão que vem trazendo para o Brasil, há anos.

CHECK-OU – Existe algum tipo de palete usado tanto pelas indústrias como supermercados?

JGV – No ciclo logístico de distribuição de produtos de consumo, das indústrias para os supermercados, são usados vários tipos de palete no que diz respeito a formato e dimensão, sem nenhuma identificação entre eles. A única coisa comum é a madeira, que se torna um fator restritivo muito forte para que haja produtividade na distribuição. A não existência de um palete Padrão dificulta muito a transferência da mercadoria de indústria para comercio.

CHECK OUT – A padronização de palete já é uma realidade nos EUA e Inglaterra. Como ela aconteceu?

JGV – A primeira padronização (1,02m por 1,22m) nasceu nos EUA. Na Europa o Palete foi padronizado em função da modulação do vagão ferroviário. A medida escolhida – no inicio dos anos 50 – foi a de 80m por 1,20m, conhecidas como Euro-Palete. Ela é utilizada até hoje ao lado da recente 1,00m por 1,20m.

Desde 1951, a Europa vem trabalhando com Palete retornável, enquanto os EUA ainda trabalham com descartável.

CHECK OUT – Como esta sendo a padronização no Brasil?

JGV – Foi criado dentro da ABRAS um grupo de estudos formado por diferentes origens, empresas e associações. Esse grupo trabalhou, durante dois anos, com suporte técnico da divisão de madeiras do IPT – Instituto de Pesquisa Tecnológicas. Após esse período seguiu-se um roteiro pré-definido para chegar-se ao Palete padrão, que começou com uma pesquisa de mercado e terminou com o estudo econômico. Posteriormente, foram feitos testes práticos na Nestlé, Gessy, Lever, Pão de Açúcar e Transportadora Dom Vital e ensaios no laboratório da Divisão de Madeiras do IPT.

Para dar seqüências a todo esse trabalho, foi criado o Comitê Permanente de Paletização. Uma instituição informal, sediada na ABRAS, que tem regulamento interno próprio e uma série d funções, como fiscalizar o cumprimento da norma para fabricação do palete padrão (definido pelo IPT a partir dos resultados dos trabalhos do grupo de estudos da ABRAS).

Para fabricar esse Palete a empresa deve ser credenciada pelo Comitê que fiscalizará seus produtos quatro vezes ao ano, a fim de verificar se eles estão cumprindo as normas estabelecidas. Essa foi a única maneira encontrada para garantir a qualidade do Palete e impedir a picaretagem no sistema.

A padronização do Palete envolve as seguintes variáveis:  dimensão, forma, numero de entradas, configuração geométrica, fixação (tipo de prego) e restrições quanto a defeitos de madeira (o que é tolerável ou não).

O palete deve ter a dimensão de 1m por 1,20m, quatro entradas com configuração de bloco e não de longarina (madeira única). Esse Palete segue o modelo europeu, que é mais leve e barato de fabricar. Hoje seu custo, por unidade, é de US$14.

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Revista Check-out – Ano 3 – n° 6 – Setembro 1991