scan0023

O transporte no Brasil vai apresentar alterações de perfil ao longo dos anos 90 e como as economias mais adiantadas fizeram há 20 anos vão entrar na movimentação utilizada e a própria introdução do palete na transferência de mercadorias vai exigir modificações drásticas.

A velocidade do processamento de informações não vai continuar sendo emperrada pela ineficiência do transporte, que acabará “empurrado” pela informática para adequar centrais e depósitos aos procedimentos da computação. O intercambio eletrônico de dados substituirá papeis, pedidos e varias ouras informações para realizar a tarefa em tempo real. Clientes e fornecedores passarão a falar de forma inteligente, pelo computador.

Os anos 90 deixarão nítidos outros pontos: o transporte rodoviário continuará absoluto no Brasil, enquanto o ferroviário irá se caracterizar por contornos definidos de transporte de volume.

O novo governo jogará papel de relevância nos próximos anos. Se ele tomar a decisão política de investir no transporte marítimo de cabotagem, os reflexos serão benéficos, já que se tem aqui uma costa extensa, mas não utilizada por deficiências portuárias.

 O governo deve ainda fixar atenção especial no transporte aéreo de carga, sujeito ao estrangulamento se não houver abertura para a criação de empresas especializadas em cargas.

As atuais companhias aéreas provavelmente continuarão as mesmas no decorrer da década e embora a carga seja receita interessante, haverá a limitação da capacidade operacional dos equipamentos e essas empresas não terão capacidade financeira para suportar a demanda do transporte.

Assim, parece muito claro que o caminho será a abertura do mercado para que as transportadoras formem suas próprias companhias aéreas.

Os anos 90 vão forçar também a implementação definitiva da intermodalidade rodoaérea, principalmente na ligação Norte-Sul e Sul-Norte. A intermodalidade rodofluvial igualmente parece saída interessante para a próxima década em trechos das ligações Norte-Sul e Sul-Nordeste, através de rios como o São Francisco, por exemplo.

A ação da iniciativa privada será fundamental. O governo ficaria com o setor macro do planejamento e os empresários responderiam pela administração e até mesmo implantação das atividades. A década de 90 será marcada pela racionalização global e, portanto haverá necessidades de competência, talento e seriedade.

José Geraldo Vantine é engenheiro industrial, consultor especializado em Logística e Distribuição Física e Diretor Geral da Vantine Consultoria, Empresa de Consultoria Logística e Supply Chain Management.

Matéria O ESTADO DE SÃO PAULO – 19/03/1991