VIVENDO A LOGÍSTICA

TÉCNICA POR TRÁS DA PRÁTICA


Você que vem acompanhando aTrajetória da Logística no Brasil, através de minha experiência profissional iniciada em 1972, já percebeu que em nossa última edição começamos a historiar o ano de 1988, quando começou a nascer o Palete PBR.

Em março daquele ano, durante oSuperVarejo, evento organizado pelaABRAS – Associação Brasileira de Supermercados e APAS – Associação Paulista de Supermercados, realizamos uma conferência denominada “PALETE, CUIDADO! UMA BOA IDÉIA QUE PODE NÃO DAR CERTO!”.

Foi o início de uma longa campanha que eu realizei, como idealista, e tendo vivenciado a Logística da Europa que tinha implantado um “Pool” de paletes no início dos anos 50, como iniciativa da França, através de sua empresa de transporte ferroviário, a “SNCF – Service Nattionael du Chemain de Fer”, e logo apoiada pela Alemanha. Aí nasceu o palete “EUR”, ISO-1 com medidas de 1200 x 800, 4 entradas blocadas. Por outro lado, vivenciando a Logística dos EUA, que desde a segunda guerra utilizava um estrado de madeira como unitizador, na medida de 48 pol. X 42 pol., quatro entradas com longarina. Nasceu para o transporte marítimo(ATENÇÃO: O Contêiner só nasceu nos anos 60, quase 20 anos depois da invenção do palete!). O grande erro do modelo americano, é que estava baseado no conceito “ONE WAY”, ou seja, palete descartável, embora seguindo especificações da “NWAPA – National Wooden Pallet Association”.

Assim, o nosso tema “Uma idéia que pode não dar certo”, estava colocado num cenário de 1988, quando crescia a importância da Logística, ainda conhecida como “Distribuição Física”, tendo de um lado, indústrias fornecedoras comoGESSY LEVER (hoje UNILEVER) eNESTLÉ, cada qual já com cerca de 200 mil paletes (diferentes) e do outro lado as redes de Supermercados como PÃO DE AÇÚCAR e BOMPREÇO, também já com grades volumes de paletes também diferente entre si.

Podíamos antever o caos, se não tivéssemos um palete padrão. Eu criei e liderei o processo de criação do PBR, mas vejam o que pensavam dois grandes executivos de Logística da época: Paulo Lima do Pão de Açúcar:“Nossa rede de Supermercados não poderá crescer sem abastecimento paletizado, com palete padrão”, e de Amélio Fabbro da Nestlé “Nós temos um palete de peroba rosa todo montado em parafuso, que é um verdadeiro móvel, custa o equivalente a US$45 e pesa mais de 60Kg. Precisamos de um palete padrão mais barato para podermos atender o crescimento dos Supermercados”.

Na próxima edição vamos ver como os projetos foram desenvolvidos.


PONTO DE VISTA

O nosso leito atento deve ter percebido que em 2004 não realizamos o nosso tradicional evento de todos os meses de dezembro: LOGISTRENDS – Tendências da Logística para 2005. E não fizemos por uma razão inusitada: Falta de tempo dos profissionais de Logística, que desde agosto se viram surpreendidos com o excelente resultado da macro economia que finalmente o Brasil estava experimentando. Muito bom!

O cenário do final de 2004 não podia ter sido melhor:

Balança Comercial na casa dos US$100 bilhões.
Crescimento real de 5% no ano.
Vendas de Natal entre 15 e 30% superior ao ano anterior.

E para finalizar, a tão esperada aprovação da leia criando as PPP – Parceria Pública Privada, sancionada pela presidência no último minuto do segundo tempo!

Com essas variáveis, a expectativa projeta as seguintes Tendências da Logística para 2005:

1) Até o meio do ano, devemos dar início aos primeiros projetos de Infra-estrutura tão criticados, e que tanta preocupação trouxe em 2004.

2)O setor Ferroviário já convecionado, e quase que totalmente dominado pelaCVRD sofrerá fortes pressões de outras empresas que pretendem investir em Logística, para fracionar o “monopólio privado”.

3) O Setor de Transporte Rodoviário vai se fortalecer com o crescimento da tendência que já prevíamos em 2002, de “Frotas Especializadas e Dedicadas”, com contratos de prestação de serviços entre 2 a 5 anos.

4) A Cabotagem deve receber uma 4ª. Companhia de Navegação: a francesaCMACGM, com linhas expressas, mais regulares e direcionadas para cargas conteinerizada.

5) No campo dos Operadores Logísticos, em 2005 certamente será criada a “Associação Brasileira” para regulamentar a já hoje “bagunçada” categoria, que acomoda gigantes internacionais como DHL Solutions, gigantes nacionais como CVRD, até pequenas e incompetentes transportadoras. O mercado está confuso e vai começar a clarear.

6) Em Tecnologia da Informação, poucas inovações em softwares e hardwares, mas haverá um crescimento expressivo em experiências com o “clip rastreador”. O próprio CPP – Comitê Permanente de Paletização deve iniciar estudos nesta direção como uma gigante mundial de Tecnologia!

7) Não é uma Tendência! É UM ALERTA!!!


A formação técnica e acadêmica do profissional de Logística já viraram uma área de negócios para várias instituições oportunistas. Fique atento para não “comprar gato por lebre”, e aqui um desafio: a ASLOG deve criar um COMITÊ DE ENSINO, sério, constituído por profissionais desvinculados de interesses pessoais, e em conjunto com a NTC & LOGÍSTICA, criarem formalmente o‘COMITÊ DE REGULAMENTAÇÃO DO ENSINO DE LOGÍSTICA”, para atuar em colaboração com o Ministério da Educação, Ministério do Trabalho, Ministérios dos Transportes, Ministério da Indústria e Desenvolvimento e também junto ao CAPES, visando o controle de qualidade de cursos de especialização e pós graduação (MBA) que pipocam pelo Brasil afora!

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